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De capa, saia, pandeiretas e estandartes


Chegaram de capa, saia, pandeiretas e estandartes. Nas sacolas, os múltiplos e variados instrumentos musicais que as acompanham para todo o lado, como provam os autocolantes, as lembranças e os quilómetros de estrada que ostentam.
As estreitas ruas de Évora foram apertadas para receber a alegria, o ritmo e os sons académicos que transportavam. Os sorrisos convidativos, as margaridas nas orelhas e os óculos excêntricos na cabeça a todos contagiaram e Évora tornou-se melodicamente mais unida e a noite mais clara e sonora.
As capas negras e azuis cobriam os espíritos bem-dispostos de quem não vem pela competição, mas sim pelo simples e simpático gosto que cobre os verbos conhecer, conversar, divertir-se.
Pelos arruamentos eborenses, as pandeiretas e os bombos preenchiam o ambiente. Os estandartes prendiam o olhar de quem, espantado, fitava os habilidosos malabarismos. As vozes afinadas entoavam os alegres cânticos académicos e, por momentos, todas aquelas pessoas eram uma só, uma só alma presa pela música a uma união feita de notas e de pautas.
O palco foi pequeno para as receber. Chegaram com garra, com vontade, com as vozes e os instrumentos afinados, prontas para vencer, para convencer, para triunfar, para arrancar das vozes mais tímidas as notas e dos espíritos mais reservados os aplausos.
Os ritmos variaram e, com eles, as emoções e os olhares.
Ouvimos o Algarve e a Capital, o Sado e o Mondego, e no final, não queríamos sair, pensar sequer que tudo já tinha acabado, porque afinal há momentos que desejaríamos que se prolongassem, nem que fossem só mais uns minutinhos.
Na memória ficou-nos todos aqueles rostos, novos, alegres, musicais. Na memória ficou-nos aquele fim de semana que foi, sem duvida, curto, para conseguirmos apreciar tudo quanto queríamos apreciar (em termos musicais, claro está!...).
E assim como chegaram, assim partiram, de capa, saia, pandeiretas e estandartes…


Carlos Carvalho

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